quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

The Early Years VII – Sobre Corvettes, Natal e Adúrio

Oi people,

Natal, feliz natal! Nataaal, nataaaal! Dia que nos faz pensar em renascimento. Esperança. Reciclagem! Não importa o credo, a (des) crença. O mês de dezembro é símbolo de expectativas de um recomeço no nosso ciclo vital. E afinal, quantas aventuras cada um de nós não teria na ponta da língua para contar a respeito da noite de natal, certo? Eu tenho! Quer saber de uma?

Queremos, queremos!!

Então, vem comigo que no caminho eu conto!!!!!

Bom, eu sempre curti muito o natal! Gostava dos presentes, da preparação para a festa e etc. De todo o ritual que a envolve. Era tudo tão lindo e mágico... até o dia em que descobri que o Papai Noel na verdade era o meu papai,rs! Eu tinha dez anos, e estávamos na casa da minha falecida avó em O*****, reunidos todos para a festa. Lembro-me claramente de ver papai carregando uma caixa grande embrulhada em um papel de presente florido, levando-a para o carro. Eu estava na cozinha, conversando com umas primas sobre o que gostaria de ganhar de presente do “Papai Noel”, quando matreiramente meu pai saiu de dentro do quarto da vovó levando a dita caixa rumo ao carro e guardando-a no porta-malas. Aquilo me chamou a atenção, mas como estava ocupada com J**** e M****, não de importância para o que vi.

Mas criança não é boba, certo!? E eu não era mesmo! Depois da festa, fomos para casa. E no outro dia pela manhã... bingo: a mesma caixa estava ao lado da minha cama. Ao vê-la, supus que:

Ou Papai Noel havia dado o presente para o papai entregar para mim ou...

O meu pai era o Papai Noel!!!!????
?
Como poderia ser?! Se papai na verdade fosse o bom velhinho, então ele passava a noite de natal em claro distribuindo presentes para todas as crianças do planeta? Aquilo era muito injusto para mim, afinal, eu era a sua única filha e ganhava apenas UM presente de Natal enquanto o resto do mundo ganhava também? Essas coisas me deixaram algum tempo injuriada. Naquela manhã de natal estávamos na mesa da cozinha para tomarmos o café da manhã. Enquanto comíamos, papai perguntou se eu havia gostado do Carro da Barbie, pois o “Papai Noel havia dito a ele que se esforçou muito para fabricá-lo no Pólo Norte.”
Eu tinha gostado (claro!), mas a minha angústia não me permitiu responder de maneira animada. E por isso, meu pai pensou que eu não tivesse gostado do presente!

-Filha, você não gostou do presente que o Papai Noel te deu? Você escreveu uma carta pra ele pedindo o carro da Barbie...

Eu fiquei calada, apenas fitando os olhos castanhos dele. Abracei-o e disse que o amava. Mas não falei mais nada sobre o presente. Pois imaginava que ele não fosse me contar a verdade. Resolvi que perguntaria de outra pessoa...

Durante o dia, brinquei muito feliz com o Corvette da Barbie. Ele era lindo! Mas enquanto brincava, pensava em quem poderia tirar a dúvida que estava me consumindo. Foi quando me lembrei: o meu amigo Adúrio poderia saber de algo! Adúrio era o meu fiel amiguinho. O problema era encontrá-lo. Ele morava num lugar distante. Mais precisamente em Cinamosa, um reino subterrâneo o qual o único acesso era a caverna de Esbândia, que ficava em um extremo ermo do planeta Terra. Adúrio era um gnomo, e como todo representante de sua raça, aparecia quando bem entendia e talvez estivesse muito ocupado durante as duas últimas semanas do ano. Sabia disso porque uma vez, enquanto conversávamos de noite em meu quarto ele havia me dito. Adúrio costumava aparecer já próximo da hora de eu dormir, depois que todos estavam em seus quartos. Eu sempre deixava a janela do quarto um pouquinho aberta para ele entrar, mas na verdade nunca o via chegar. Sempre ele me acordava cutucando a orelha...

Nesse Natal esperei meu amigo gnomo o dia inteiro, mesmo sabendo que o mais provável era que ele só aparecesse de noite. Se aparecesse. Durante o dia pedi a D-us que avisasse a Adúrio que eu gostaria de falar com ele. Minha mãe havia me ensinado a rezar para D-us e fazer pedidos a Ele. Que fazendo desse modo D-us enviava anjos para realizar nossos pedidos. Fiz o mesmo pedido por três vezes durante o dia. Como não ouvi nenhuma voz me respondendo, não sabia se eu seria atendida em minha petição. E a dúvida me consumiu durante o dia todo...

A noite chegou. E com ela a minha ansiedade. Eu acreditava que se D-us tivesse me ouvido, Adúrio apareceria. Enquanto não dormia brincava no quarto. Fui para a sala, liguei o Master Sistem e joguei Castle of Ilusions até minha mãe dizer que eu devia ir dormir. Fui para o quarto, esperei Adúrio. Troquei de roupa, escovei os dentes. Nada de Adúrio. Deixei entreaberta a janela. Meus pais apareceram e me deram boa noite. Minha mãe, vendo a janela entreaberta reclamou dizendo que não sabia quem deixava ela daquele jeito, então a fechou. Não disse nada à minha mãe. E nada de Adúrio. Por fim, triste, dormi...

Naquela noite tive um sonho esquisito. Sonhei que Adúrio me falava ao ouvido uma frase que eu nunca me esqueci e que compartilho com vocês hoje:

“-Você quer saber a Verdade, C*****? D-us tem inveja de você e de todo mundo. Ele te observa com medo que você descubra toda a Verdade e que nunca mais queira a Sua companhia...”

Acordei com as primeiras luzes do dia refletindo em meu rosto. Uma estranha sensação tomou conta de mim, e meu corpo rapidamente se arrepiou com o vento gelado que subitamente invadiu o quarto. Num sobressalto olhei para a janela: ela estava aberta. E um cheiro de orvalho permanecia imperioso por todo o lugar...

Foi a penúltima vez que me encontrei com Adúrio. Ainda nos veríamos mais uma vez, já na minha adolescência...

3 comentários:

  1. (ITA) Buon Natale!
    (EST) Rõõmsaid Jõulupühi!

    Merry Christmas and Best Wishes to You and to Your Visitors! I arrived here just surfing. I hope Your Today will be all the time better than Yesterday and worse than Tomorrow!

    An Estonian living in Italy

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  2. Epic Fail para o teu pai que deixou vc ver a caixa! :P

    Feliz Natal! Felicidades, querida!!

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  3. Eu sempre soube que papai noel era meu pai... Meu pai até "tentava" me enganar, mas minha mãe contava, pois segundo ela é sempre melhor dizer a verdade, assim podendo agradecer a quem realmente merece!!

    Do natal em si, eu não teria muito para contar, mas o clima de natal, sempre trás lembranças da minha infancia. Eu brincando no departamento de policia (Meu pai era policial), eu e o seu Rosa brincando de ligar um pro outro dentro do departamento, (coitado se alguem tentasse ligar pedindo ajuda), pois eu e seu Rosa ficamos brincando...

    Lembro-me perfeitamente que minha vontade era lei, e meu "papai noel" (meu pai), era um Deus para mim, juntos podiamos derrotar o mundo. Não sei porque eu achava que ele era invencivel e um oraculo do conhecimento e ele me chamava de "charope curioso", pois eu perguntava tudo, tudo e tudo e ele parecia ter todas as respostas. Já ganhei carinho de rolima no notal, que me rendeu alguns galos e ralamentos (Se atiravamos com ele morro abaixo), jogos, jogos e jogos, controles, controles e controles e filmes, filmes e filmes, espadas, roupas de heroi...

    Alias, lembrei de uma historia:
    Estavamos na festa de fim de ano da policia e vi uma roupa de Batman, que o papai noel trazia e eu olhei para meu pai e disse:

    - Pai eu quero aquela roupa de Batman!!
    Pai: - Vai ser um sorteio, filho...

    Nisso, saiu agua dos meus olhos e ele olhou pra mim e saiu... Vi que ele foi falar com o papai noel, mas eu lá ia saber o que?

    Na hora do sorteio, todo mundo ganhado presente, logo eles gritam meu nome e erguem a roupa do Batman!! E eu saiu pulando como um louco e gritando, peguei a caixa e já fui rasgando e colocando a roupa no meio da festa. Parecia um milagre!!
    Eu feliz, vim para casa e toquei terro no bairro durante anos com minha roupa de batman e de homem aranha (A do super nunca consegui)

    Anos mais tarde, descobri que meu pai fez conchavo com o papai noel! Ele implorou que eu tinha que ser o ganhador da roupa de batman!!

    Natal e suas historias...

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