sexta-feira, 6 de novembro de 2009

The Early Years VII - Sobre o halloween, motila e games

O Halloween já rolou esse ano, e no mundo inteiro as pessoas comemoraram essa data festiva! Tia Love.is.a.tragedY, durante sua  costumeira “blitz” nos sites, portais e blogs gamers, pôde ver notícias das mais variadas possíveis referenciadas ao Dia das Bruxas! Listas de games de horror, fotos de nerds fantasiados... etc! Muita coisa interessante! A tiazona aqui bem que pensou em postar algo especial nesse espaço empoeirado que é o “Diário...”, mas infelizmente, não deu! É muito complicado trabalhar o dia todo, cuidar de um blog, organizar um cafofo, e ainda... jogar games! Mas como sempre, Tia Love... não abandona os seus cinco leitores jamais. Ela, a partir dos seus manuscritos oriundos de suas memórias, construiu mais um relato para a sua coluna favorita: The Early Years.  E por que "favorita?" Ora pois, recordar é viver! “O que você esteve aprontando, Tia Love?” – Vocês devem estar se perguntando...e eu digo: continuem lendo e vão saber!

G****** e eu tínhamos discutido a noite toda. Não foi uma discussão calorosa “sobre a relação”. A longa conversa girou em torno da suspeita de eu estar grávida. Eu não tinha coragem de ir ao médico, e realizar exames. Ele não tinha coragem de admitir que estava apavorado. Na verdade,  G***** estranhamente  aparentava estar decidido, firme como uma torre forte. O oposto de mim. Não me sentia nem um pouco à vontade com a idéia de ser mãe. E o problema não era o “possível” pai do “hipotético” filho. Era com a “possível” mãe. Afinal, não estava preparada para realizar tal tarefa! Os últimos trinta dias de dúvidas me foram estressantes do ponto de vista psicológico. E tenho uma característica deletéria na minha personalidade: quando me deparo com um problema , tenho dificuldades em encará-lo. De enfrentá-lo frontalmente. E aí vem o que eu chamo de meu “escapismo”. Tento anular o que me incomoda com distrações persistentes. Cigarro. Fumava como uma chaminé no trabalho, mal ficando dentro da loja. Lembro que transformei em cinzas onze carteiras de Lucky Strike em apenas quinze dias. E jogava compulsivamente. Chegava em casa e ficava no PS, até o sono chegar violentamente. Só queria saber de FF VIII. A “Tomb of the unknow King” estava me tirando o juízo. Já havia encontrado a espada e guardado a ID dela. O problema era que eu estava perdida e não sabia o caminho até o Minotauro! Boa desculpa para não enfrentar os problemas. G***** estava preocupado comigo, pois durante esses dias de tensão eu pouco falava com ele. Era estranho ...  mas eu, dentro de mim, o culpava. Eu o via como o responsável por uma coisa que, na realidade, em vias naturais é sempre realizada por duas pessoas. Passei a evitá-lo, a não olhar nos olhos dele. Até que ele me pressionou na referida noite, dizendo que achava que eu o estava traindo!!! Não agüentei tal acusação, e gritando  disse:

“VOCÊ ME ENGRAVIDOU, SEU IDIOTA!”


G***** calou-se por alguns segundos. Seus olhos pararam de se movimentar. Seu semblante  se transformou. Em seguida, se aproximou de mim, me abraçando. Então conversamos finalmente sobre o assunto, e como eu disse, foi conversa para uma noite toda... mas não decidimos nada de concreto. Apenas uma coisa era certa: eu deveria ir ao médico, tirar essa dúvida que passou a consumir não só a mim, mas agora também G*****.

No dia seguinte, nos dirigimos cada um para seus respectivos trabalhos. G***** ainda estava na oficina de tunning, e eu na loja. Morávamos perto de nossos trabalhos. A loja e a oficina se situavam em quadras próximas e sempre íamos caminhando, eram cerca de vinte e cinco minutos o tempo que levava sair de casa e ir até a loja. G***** caminhava mais. A oficina ficava duas quadras além da loja, rumo ao centro.

Naquele dia, tudo transcorria normalmente, a não ser o pensamento que não saia da minha cabeça: ir ao médico. Não pensava em mais nada a não ser nisso. E fumava. G***** me ligou umas três vezes durante o dia para saber como eu estava. Perto da dezesseis horas, eu resolvi ir a um laboratório, fazer o tal exame. Não achava interessante exame de farmácia, pois já tinha ouvido dizer que eles não são seguros. Queria ter absoluta certeza se estava grávida ou não. Pra mim ou era tudo ou era nada. Então, só me restava ir lá.

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Já eram quase 18:00 horas quando retornei do laboratório. Colheram uma amostra do meu sangue e me disseram que o resultado saia em três dias. Agora a sorte estava lançada: em breve saberia como seria o resto da minha vida. Já dentro da loja, encerrei o expediente. E fiquei esperando o G****** chegar para voltarmos para casa.  Enquanto ele não chegava, fiquei ouvindo música e lendo uma revista de moda “metal” que sempre estava em cima do balcão da loja. Após um tempo, G****** chega. Conversamos um pouco, e ele me diz: "Hoje é Halloween, vai ter festa na casa da B*****. Os pais dela viajaram e ela está aproveitando a ocasião.” B**** já havia feito amizade conosco. Aliás, comigo. Pois era conhecida do G***** e cliente da loja dele. Eu não era muito chegada no “jeito” dela, pois não gosto de pessoas efusivas. Mas apesar disso, ela era uma ótima companheira para festas, baladas. B***** era engraçada, uma fanfarrona. E uma figura! Levava a sério o “heavy-metal way of life.” Sempre estava vestida a caráter, e com disposição para qualquer balada, a qualquer hora. Era só ligar para ela convidando-a para alguma cervejada... que ela ia, ah se ia!

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Eu não estava no clima de festas. Mas como G****** se demonstrou animado para ir, concordei em acompanhá-lo. Já era perto das 22:00 horas quando pegamos um táxi. B***** morava do outro lado da cidade, num bairro muito legal, o D*** P******. Casas bonitas, um conjunto habitacional tranqüilo. Havia ido lá  duas vezes, ouvir música com ela. Chegando  no nosso destino, percebemos que o negócio estava agitado desde a varanda da casa. O som estava alto, e algumas pessoas circulavam pela frente da casa com copos descartáveis cheios de cerveja. G***** pagou o taxi e atravessamos o portão de entrada. Logo na sala fui encontrando alguns conhecidos. E olha que legal, um PS! Mas com Tekkeeeennnn (arggg.... nunca fui fã de fighting games, e menos ainda da mecânica complicadíssima dos Tekken e Virtua Fighters da vida. Só gostava (e gosto) de Street Fighter, pois é tão simples... na verdade, eu acho que nunca me esforcei para aprender a lidar com fighting games. Nem sou exímia jogadora em SF...mas sei fazer uns combos aí, mêoo! ). Uma rodinha de pessoas ao redor da TV enquanto uns e outros jogavam. Não dava pra ouvir o som do game, pois o heavy-metal imperava absoluto no player da sala. Ficamos observando as partidas entre as pessoas. B**** estava sentada no sofá... comendo pizza, enquanto conversava com umas pessoas que eu não conhecia. Ao nos ver,  levantou-se e foi nos cumprimentar. “Resolveram aparecer?” - Disse sorrindo. G***** olhou pra mim e explicou para ela que eu estava um pouco cansada, mas que mesmo assim não perderíamos a festa por nada. “Ah, sim! E é bom mesmo, porque outra dessas, só quando meus pais viajarem da próxima vez!” Os pais de B**** eram portugueses. E como todo bom português das antigas, eram fiéis católicos. Não aprovavam a maneira como a filha vivia. B**** era filha única, cheia de mimos...  e talvez fosse difícil para os pais a verem completamente diferente do que ela um dia foi quando criança. Ou do que eles queriam que ela fosse. B**** sempre saía às escondidas para baladas... era censurada pelo modo como se vestia, pelas músicas que escutava. Eu e ela tínhamos uma história de vida com pontos em comum. A diferença básica no caso dela, era que a repressão era muito mais ferrenha do que foi a minha. Enquanto conversávamos nós três, um menino se aproximou e ela o chamou. “Esse é o C**** A****, meu namorado". Cumprimentamos-nos. Não conhecia C**** A****. Aliás, não sabia nem que B**** havia terminado com o Senhor Besteira...

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Ficamos circulando durante a festa. Pizzas, refrigerantes e bebida. Muita bebida. Cerveja, motila, vinho, cachaça. Todas as ferramentas necessárias para alguém que quer se embriagar realizar o seu intento. Encontramos algumas pessoas que freqüentavam a loja. Por esse motivo elas vinham falar com a gente. O G****** conhecia muita coisa sobre rock, heavy-metal. Era uma enciclopédia. Eu ficava embasbacada com ele por isso. As pessoas sempre tomavam a postura de “aprendiz” em relação a ele. Era engraçado, mas eu curtia ouvi-lo falar sobre isso com as outras pessoas. Ficava orgulhosa de ser a namorada dele por isso. Apesar de a festa estar legal, ainda assim algo me incomodava. Sim, eu pensava no resultado do exame. Tal assunto não me deixava relaxar plenamente, curtir as coisas que estavam acontecendo. Tive uma idéia: beber. Só para relaxar. Então, eu ia da cozinha para a sala, e vice-versa. Comecei com a cerveja. Algumas latas de Skoll. G***** conversando com dois meninos e uma menina sobre as origens do metal satânico enquanto eu bebia. Não tinha o que opinar, pois sou uma leiga no assunto. Mas estava lá, do lado dele. Já um pouco tonta, pensei em relaxar mais um pouco tomando uma dose de motila. Ora, G***** estava tão empolgado com a conversa, que percebi que fiquei de escanteio em relação ao seus mais novos “discípulos”. Resolvi dar uma volta sozinha pela casa. Acendi um cigarro. A motila me fez ficar mais tonta, o suficiente para entender que já havia chegado ao meu limite.

Saí de perto do G***** sem dizer aonde ia, e ele nem percebeu. Fui para fora da casa. Da varanda, fiquei observando o céu. Estava sem nuvens, e com muitas estrelas. Pensei mais uma vez no exame. Na possível gravidez. O  que eu faria, caso estivesse mesmo grávida? O que meus pais diriam? Como seria a minha vida com G*****?  Eu sabia que não estava preparada para “crescer”. Eu desejava muito continuar com a minha vida da maneira como ela estava. Só eu e meu namorado, amigos, festas, games. Um filho estragaria tudo isso que eu estabeleci para mim mesma, pois afinal acreditava estar vivendo o melhor momento da minha vida!

Com esses pensamentos me incomodando, continuei a caminhar sem rumo pela casa. Voltei para o seu interior, e segui andando pelo corredor central. Pessoas que não conhecia estavam encostadas nas paredes, conversando, algumas se beijando.  A música alta se misturava com o barulho das conversas e risadas. Estava tonta, e enjoada. “Não devia ter tomado aquela motila” – Pensei. Eu queria me deitar. Voltei à sala, e o G***** ainda estava lá conversando com as mesmas pessoas. Não queria atrapalhá-lo e pensei em ir para algum outro lugar da casa e deitar um pouco. Os sofás da sala já estavam todos ocupados, e então resolvi procurar outro lugar. Voltei ao corredor e comecei procurar. A música alta começou a me incomodar, me deixando mais enjoada. No fim do corredor, uma porta à esquerda. Lembrei que era o quarto da B****.  Fui devagar, me apoiando às paredes, pois minha tontura piorou e estava com medo de cair e não conseguir levantar mais.

Chegando à porta do quarto, bati. Ninguém abriu. Então eu abri. Entrando lá, percebi que a cama estava ocupada. “Oh, Shit!” – Pensei. Mas eu estava tão tonta, que não tinha forças e coordenação para sair, então me sentei numa cadeira próxima ao guarda-roupa. E fiquei quietinha lá, com a cabeça encostada na parede e de olhos fechados.

Não sei quanto tempo fiquei naquele estado. Talvez tenham sido por alguns minutos.  Então ouvi uma voz chamando meu nome. Abri os olhos. Era a B****. “Você está bem? Cadê o G*****?” Perguntou ela. “Sim, só estou um pouco tonta e com sono. O G***** ... ele... ele...está lá na sala, ocupado...acho.” -Respondi, bocejando. Quando fitei B**** percebi que ela tinha apenas um lençol sobre o corpo, e estava nua. Mas a tontura estava forte o suficiente para eu não esboçar nenhuma reação quanto a isso. “Você parece cansada, venha deitar um pouco na cama.” Não respondi nada a ela, estava tonta, mas sabia que algo estava errado. Não levantei. B**** então se ajoelhou, encostando sua cabeça no meu colo. Começou a falar que eu parecia estar mal, e que era melhor  me deitar um pouco, que se  descansasse estaria logo melhor... ela se levantou e  pegou em meu braço, me ajudando a levantar. Estava muito cansada! De repente não seria uma má idéia descansar um pouco. Com a visão turva, fui caminhando junto com ela para a cama, quando num momento, pude fitar que a mesma estava ocupada, por C***** A****** e outra menina (eu achava que era menina, mas hoje não sei ao certo). Foi então que a adrenalina tomou conta do meu corpo e instantaneamente já não me sentia mal e nem sonolenta! Perguntei à B**** o que estava acontecendo, e ela começou a dizer que me achava interessante, e que sempre teve vontade de ficar comigo e que aquela seria uma ótima oportunidade da gente ficar juntas... que se quisesse, eu podia ficar com o namorado dela e etc... que seria muito poderoso para nossos espíritos se unirem justamente no dia do Halloween. “Pirou!” -Pensei. Quando dei por mim, B****  já  estava se aproximando de mim com intenção de me beijar!

“SAI FORA, Ô LOKA! NÃO GOSTO DE MULHER!” Com todas as forças que consegui naquele momento, eu a empurrei. Ela caiu em cima das pessoas que estavam na cama. Corri. Não olhei para trás. Cheguei à sala de estar chorando, onde G****** estava. “O que foi!!!?!??!”  - Perguntou, assustado. “Eu quero embora daqui, me leva embora daqui!! Aquela loka, aquela loka!” Eram as únicas palavras que eu dizia. Sem entender nada, G****** me pegou pela mão  levando-me para fora da casa,  perguntando no caminho o que havia acontecido. Eu só repetia as mesmas palavras enquanto chorava...

Saímos da festa. G***** não disse mais nada. Andamos até a avenida principal do bairro e tomamos um taxi.  Ao chegarmos em casa, contei ao G***** o que havia acontecido. E sabe o que ele me disse? Que sabia que B***** tinha interesse em mim. Porque ELA mesma já tinha dito a ele isso! E outra: ELA sugeriu a ele que eu fosse convencida a “ser” partilhada por ambos. Naquela noite eu também não dormi (já eram dois dias sem dormir). Ficamos alguns dias sem nos falar, eu e G*****.

Voltaria a falar com B**** após oito meses em uma visita que ela me fez na loja, depois que minha raiva se dissipou quase que por completo (voltamos a ser colegas, mas com as coisas bem claras afinal...). Ela me contou que seus pais não a suportavam mais, e que a mandariam para estudar em Portugal. Acreditavam que lá ficaria longe de amizades nocivas e teria pouco tempo para se preocupar com baladas, afinal ela iria com o objetivo de estudar (me engana que eu gosto  ¬¬).  Semana passada recebi um mail de B*****, me desejando um feliz Halloween. Em anexo: fotos com o namorado e a namorada.  E claro, eu não estava grávida. Depois descobri que tenho problemas por causa de cistos nos meus ovários.

2 comentários:

  1. First!




    Texto grande......


    lerei-o mais tarde.

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  2. Que situação! Mas tirando isso, festa com muita bebida, gente e metal é excelente.

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    E festa com video game "rula" demais! Mesmo não sabendo jogar, eu entraria na fila.

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