terça-feira, 30 de março de 2010

The Time Line IV: Insight...

Oi gente! 

Fazia tempo que eu não preparava textos para nossa querida coluna “The Time Line”, né!? Pois ééé! Desculpem-me, mas é que como sempre são muitas as distrações e obrigações, e a Tia Love.is.a.tragedY está sempre ocupada com elas! Rsrsrs! O fato é que mesmo que a tiazona aqui não tenha tido tempo pra renovar as colunas que carregam nas costas o motivo de existir o “Diário de uma Gamer”, isso não significa que ela não tenha histórias para contar. Sempre estou anotando em minha agendinha preta coisas que acontecem comigo, e também as agendas antigas estão todas guardadas. No meio de muitos papéis velhos guardados em caixas de sapatos, no “quarto da bagunça...”
 
Semana passada tive um sonho louco. Nele, eu estava na casa dos meus pais em S** P**** e tinha 16 anos. Lembro perfeitamente que estava sentada na ampla sala de estar, em um sofá branco perto de um dos cantos da sala. Conversava com a minha mãe, que estava em pé ao meu lado... e nossa conversa era tensa. Falávamos de uma viagem que eu teria de fazer para um lugar desconhecido por mim, mas sabido pela minha mãe. Sentia-me nervosa no sonho, pois o fato de eu não saber para onde eu iria estava me deixando angustiada. Enquanto conversávamos, senti um vento morno se encontrando com os meus cabelos e me virei para descobrir a origem dele. Para a minha surpresa, vi um irmão de criação da minha mãe sentado ao meu lado, o tio S****. Com o olhar agradável de quem diz “estou aqui com você” ele me observava de cócoras. Por um momento fiquei surpresa, mas logo tal sentimento se transformou em alegria. Não via tio S**** há muito tempo! Lembrei-me de quando eu era pirralha e ele aparecia lá em casa trazendo sempre presentes pra mim e de quando ele saía com a minha mãe e eu para passearmos no centro aos sábados. Ficávamos o dia fora, e era muito divertido!

Ao me lembrar dessas coisas, o medo que outrora possuía desapareceu. Foi quando eu me toquei do que estava acontecendo. “Espera aí... o que o tio S***** está fazendo de cócoras no canto da sala me observando? "

Tio S***** já era falecido há mais de dez anos. Teve um derrame e fazia hemodiálise, pois sofria de pressão alta e nunca se cuidou, morrendo ainda jovem. Aos 39 anos. Ao me dar conta disso, olhei para minha mãe e disse: “o tio S***** tá aqui mãe! Fala com ele!” Minha mãe não escutava o que eu falava e continuava a dizer que eu deveria preparar minhas malas e arrumar umas roupas de inverno porque o lugar para onde eu ia era muito frio... aquela situação foi me deixando com raiva. Eu repetia o que havia falado e minha mãe continuava a não prestar atenção. Então, no momento em que eu estava prestes a “estourar”, olhei para o meu tio de novo, e ele sorrindo balbuciou algumas palavras que não entendi.... com isso as  paredes da sala começaram a rachar! A sala balançou como se um terremoto estivesse em curso naquele momento! Minha mãe caiu longe, perto da cozinha. E eu assustada tentei me levantar, mas tropecei sobre o tapete de pele de zebra que encobre todo o piso de madeira da sala... Procurei meu tio S***** e não o vi mais! De repente o tremor cessou, e as paredes –outrora brancas – ficaram vermelhas, e o chão agora era quadriculado. Em preto e branco... minha mãe havia se tornado em uma estátua de mármore e tio S***** havia desaparecido!

Desesperada, acordei. Já era de manhã cedinho. O namorado já tinha acordado e estava se arrumando para o trabalho. Fiz o mesmo...

Nesse dia enquanto trabalhava, pensei um pouco no sonho. Eu sou muito impressionável com essas coisas e aquilo parecia ter um significado Astral. Mentalizei duas vezes durante o dia. Nada. Voltamos para casa. Deixei “pra lá”. Fui cuidar da vida e me secularizar um pouco mais. Depois do meu extra como “Isaura” na cozinha... fui jogar um pouquinho. Dante’s Inferno. Enquanto estava derrotando o pai de Dante, meu olhar por um momento se desviou do game. E então eu vi. No canto esquerdo da estante da minha TV. O Box. Estava escrito lá: Twin Peaks: a 1ª temporada.” Insight! 

Eu havia sonhado com o Red Room...


Isso me lembrou o meu primeiro contato com a série Twin Peaks de David Lynch e Mark Frost. 1991. Eu tinha 12 anos. Num domingo, depois do Fantástico... estava no quarto dos meus pais assistindo televisão quando minha mãe disse “ahh...agora vai começar Twin Peaks. “Quem você acha que matou Laura Palmer, G*****?” Fiquei atenta e curiosa à conversa de meus pais. Quando a transmissão começou, mal pude ver um pedacinho do programa, que meu pai foi logo dizendo pra eu “ir para o meu quarto que aquilo não era programa para crianças.” Sem entender muita coisa, fui dormir. O tempo passou e em 1995 uma vez estava eu zapeando de madrugada a programação na televisão, quando vi o comercial na Band: “Daqui a pouco... Twin Peaks: Os últimos Dias de Laura Palmer”. No mesmo instante me veio à memória aquela situação no quarto dos meus pais. Curiosa, assisti o filme...

Twin Peaks é uma “obra prima interrompida” de David Lynch. Idealizada como série produzida pela NBC Networks, teve seu episódio piloto exibido em 8 de abril de 1990 nos EUA. Ambientada na fictícia cidade homônima, a série gira em torno do misterioso assassinato de Laura Palmer (encarnada pela atriz Sheryl Lee), uma moça muito querida na comunidade local. Sim, Laura Palmer, o arquétipo da menina norte americana perfeita. Bonita, inteligente, de boa família, envolvida em causas humanitárias... Laura Palmer é brutalmente assassinada e seu corpo é lançado em um lago da região. 

 Wrapped in plastic...

O crime choca os habitantes da pacata cidade e então o FBI entra em cena. O excêntrico agente especial Dale Cooper (interpretado por Kyle MacLachan...*__*) é enviado para cuidar do caso. Mas nada é o que parece ser na série, e como um crítico ácido à sociedade hipócrita norte-americana, David Lynch em duas temporadas entrega uma experiência perturbadora e densa ao telespectador abusando de simbolismos surrealistas na concepção da trama. Luzes vermelhas e azuis, anjos e demônios. Está tudo lá.  Afora isso, o cultuado diretor de  Blue Velvet teve a ajuda do compositor Angelo Badalamenti para criar o clima de mistério  que permeia a série através de músicas sombrias e etéreas além de evocar a mitologia dos Logdes e suas relações com a cultura indígena norte-americana.

 Bom lugar para um fim de semana

 Os Lodges (White e Black) são lugares Astrais onde as almas se alojam de acordo com as suas características essenciais. Alguns estudiosos do assunto conceituam os dois Portais como reflexos de um mesmo lugar, diferenciando-os apenas na apresentação da imagem das almas que nele habitam. Com essa teoria, ambos se aproximariam da intenção complementar entre o Bem e o Mal do ciclo Astral do Yin & Yang.  Entretanto, outros entendidos no assunto advogam que tanto White Lodge e Black Lodge são locais distintos, tendo apenas como extensão kármica o Red Room, que poderia ser o lugar onde (dentro do Black Lodge) se observa ação de espíritos abençoados e de essência livre do Mal (mas ainda existe uma outra teoria que diz que o Red Room é um local Astral “neutro” e que por lá transitariam espíritos que segundo o seu próprio caráter –malévolo ou puro – caracterizariam a força Ancestral do lugar.). Desse modo, além da podridão moral que assola a comunidade da pacata Twin Peaks, temos também um componente sobrenatural muito bem posicionado em relação ao mistério do assassinato de Laura Palmer. 

Uma reunião amistosa

Infelizmente - apesar do sucesso que foi a série durante sua primeira exibição – Twin Peaks só teve duas temporadas. A NBC pressionava Lynch e Frost de todos os lados para que eles revelassem logo o assassino de Laura Palmer e por terem cedido ao Studio, a audiência logo começou a declinar. Por fim, a série foi interrompida em sua segunda temporada...e Linch resolveu terminá-la da maneira mais bizarra possível, abrindo assim possibilidades para uma 3ª temporada... o que infelizmente não aconteceu.

Mais tarde, em 1992, Lynch produziria o longa Twin Peaks: Fire Walk With Me ( no Brasil seria nomeado toscamente de Twin Peaks: os Últimos dias de Laura Palmer) onde o diretor preenche algumas lacunas da série. Entretanto, como sempre... Lynch abriu outras ainda maiores. O filme foi um fracasso de bilheteria (claro, o grande público do cinema jamais entenderia as viagens de Lynch... ainda mais em um filme prequel de uma série loka como é Twin Peaks). O interessante é que fazem mais de três anos que eu não assistia a série apesar de ter as duas temporadas + o filme e ainda assim tive uma visão do Red Room. Após mais de dez anos de exibição da série na televisão, finalmente a Paramount lançou as duas temporadas em versões cheias de extras e com áudio remasterizado. No Brasil a primeira temporada foi lançada em setembro de 2004. A segunda chegaria quase três anos depois, em abril de 2007...

Pensando bem, Talvez Silent Hill - Shattered Memories tenha aguçado minha percepção para esse aviso Astral. O game foi lançado primeiramente para o Nintendo Wii em janeiro de 2010 tendo sido portado em seguida para o PlayStation2 e o PSP. Logo consegui por meios escusos uma cópia para jogá-lo. E queiram ou não acreditar, depois de reflexões sobre o assunto, cheguei à conclusão que é provável que o game faça parte desse quebra-cabeça. Pois o componente psicológico do seu enredo é deveras muito denso e apurado. Como re-imaginação do seminal primeiro episódio da franquia da Konami, Shattered Memories trouxe um novo fôlego para quem estava se desanimando com os novos rumos que a série Silent Hill estava tomando com o aperfeiçoamento dos sistemas de batalha e evolução do game play. 

 Perfeito para passar o Natal com a família...

O Studio Climax eliminou tudo o que julgou desnecessário para a manutenção do feeling aterrador no enredo (como o sistema de combate e a parte da história original que trata do culto) e lançou mais uma vez o escritor Harry Mason na gélida Silent Hill em busca de sua filha de sete anos Cheryl em um thriller psicológico de primeira grandeza. Agora apenas com uma lanterna e um celular nas mãos e muito sebo nas canelas para fugir dos Raw Shocks que o perseguem a cada “Pesadelo” presente nas fases do game exploramos a obscura e gelada Silent Hill em busca de pistas que expliquem o sumiço de Cheryl.


A friend of mine

 Assim como em Twin Peaks, os personagens que habitam Silent Hill são envolvidos em uma rede de relações duvidosas e hipócritas confundindo o expectador/gamer a cada revés da trama. Tais artifícios de maneira eficiente prendem a atenção até o último minuto de jogo. E grande parte do sucesso de Shattered Memories produzir fortes emoções é tributário à sua jogabilidade que aproveita deliciosamente os recursos interativos do console branco da Nintendo.

Eu não acredito no descrédito que o acaso dá para a ordem dos acontecimentos regidos pela Paz Astral. Não sei ainda qual é a mensagem por trás do aviso que recebi por ter vislumbrado em sonho o Red Room e muito menos o que pode ter desencadeado essa “anunciação”. Mas quero estar pronta para entender quando o véu for removido e tudo for revelado...

2 comentários:

  1. A mensagem foi: Pare de usar dorgas!!!

    Clau, um sonho nada mais é que um sonho e ponto.

    Silent Hill impressiona os mais incastos, pois é bem sinistro sim, vou jogar esse assim que arranjar um mc novo!!!

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