quinta-feira, 17 de junho de 2010

E3 2010 :Balanço da Conferência da Sony

Olá pessoal,

Tudo bom com vocês? Sinceramente espero que sim, pois comigo está tudo ótimo! Já estamos com gostinho de saudade da E3, não é!? O  meu compromisso com essa coluna finalmente está chegando ao fim. Claro que acompanhar as conferências das três gigantes da Indústria gamer em meio a trabalho e ainda por cima tendo que  providenciar textos longos e reflexivos demanda um exercício mental cuidadoso e… tempo! E certo sacrifício! Hoje resolvi programar o despertador para tocar às cinco, para elaborar esse texto, e já mais tarde no trabalho devo terminá-lo para publicá-lo. Como vocês( que acompanham essa coluna) devem saber, ontem foi um “olha na copa e outro na E3”. Agora…
Se quiserem saber as minhas impressões sobre a conferência realizada ontem pela Sony, continuem lendo!

Após ter publicado o texto que falava da conferência da Nitntendo, escovei os dentes e liguei o Wii. Joguei um pouco de Super Mario Galaxy 2. Namorado já estava dormindo. E em aproximandamente 40 minutos me deitei. Estava cansada (aliás ainda estou….esse fim de semana só vou querer sossegar) mas com a mente acelerada. Não sei se isso acontece com vocês, mas toda vez que muitas coisas excitantes acontecem comigo durante o dia, acaba que eu tenho dificuldades de entrar em  “ponto morto mental” e por fim pegar no sono. É como se eu sentisse necessidade de refletir sobre os vários fatos interessantes do dia, e isso me impede de dormir! Fiquei matutando na cama sobre coisas como serviços no trabalho que deixei para terminar hoje, sobre algumas contas que atrasaram por causa da minha ausência na cidade devido problemas de família, e claro… games! Eu sei que é nerdice, mas às vezes fico pensando de noite ou no trabalho coisas como “matar o tal Dragon God do Demon’s Souls no Stonefang Tunnel!” Só para vocês terem uma idéia de como são as coisas…

Depois de algum tempo me perdendo em pensamentos, finalmente dormi. Infelizmente não tive um sono de qualidade. Me senti agitada durante a noite, incomodada inconscientemente com alguma coisa. Por vezes despertei e olhava a janela que deixava passar resquícios da luz que vinha de fora para dentro do quarto. Olhava para o meu lado esquerdo e o namorado estava lá, dormindo como um bebê. Voltava a fechar os olhos e dormir. Isso se repetiu umas três vezes durante a noite.
Agora, estou na cozinha escrevendo. O sol ainda não nasceu e algumas coisas se passam na minha cabeça enquanto escrevo…

Durante a conferência da Sony ontem pude percerber a reunião de esforços da empresa em tentar se reestabelecer em seu antigo posto de líder da indústria gamer. Sera que ela foi bem sucedida? Converse comigo um pouco agora…

Você vê o mundo como ele é e de forma corriqueira não se apercebe da complexidade que ele apresenta aos seus olhos? Você não dá a importância devida à condição de que tudo o que vemos é parte de um complexo biológico devidamente engrenado e que produz sensações reais e conhecimento real da matéria que forma o universo? Sim, somos assim. Não atentamos pra isso, e precisamos de simulacros. De figurações para podermos constatar o quão é interessante a realidade através de sua representação. A Sony, – sabedora disso – está a capitanear um reforço à essa premissa com o seu 3D. Naturalmente nosso mundo possui todas essas  características amplificadas  em relação à  tecnologia apresentada  pela gigante japonesa  na E3. Por que ainda nos impressionamos? Talvez porque como seres humanos temos necessidade insconsciente de sonhar com as realidades que não podemos participar mas que podem nos distrair até a exaustão…

Assistir a primeira parte da conferência da Sony com a apresentação de títulos como Killzone 3 – que nos possibilitará uma participação ilusória aumentada de acontecimentos frenéticos envolvendo guerras geladas, tiros que saltam à nossa visão, uso de jetpacks e explosões, são alívios tragicômicos  que buscamos sem nos dar conta dessa nossa propensão. E ainda assim, a Sony sabe que isso nunca seria suficiente para um público high end que utiliza recursos tecnológicos de última geração para se inserir cada vez mais e mais dentro desssa fantasia com “rebusques” de realidade e por isso buscou também aliar o seu 3D proprietário com seu outro salto a esse “mundo” de novas possibilidades. Além de tantos games anunciados com o tão propagandeado recurso “nativo” 3D (como Mortal Kombat, Crysis 2, Shaun White Skateboarding, Ghost Recon, Tron e NBA 2K11) a Sony quer intoxicar os consumidores de seus produtos com o seu PlayStation Move. A maior prova disso está na sua pequena pérola apresentada ontem: Sorcery. Pois agora você poderá se engendrar em um mundo de feitiçaria onde com o poder de suas mãos emitirá magias em calabouços de castelos escuros e sorumbáticos. A luz que surge no Move seria o simulacro de um “poder”que falsamente teríamos a sensação de possuir ? Será que nos recônditos de nossas almas existe espaço para esse tipo de delírio? O consumidor está disposto a comprar essas idéias?

De fato, o game foi apresentado com uma pompa singular que atraiu atenção dos saudosistas pelos primeiros insights  na aurora da  Indústria gamer, quando fugir de jacarés em busca de ouro e ajudar um sapinho simpático a atravessar a rua eram apenas um fim em si mesmo nos momentos de jogatina. Com 49 U$ e uma atualização (claro, você precisará também de uma Bravia 3D) no seu PS3, já é  suficiente para participar de tal delírio oferecido pela Sony. Mas, até que ponto mesmo estaremos dispostos a isso?

Consciente dessa questão, talvez a seja esse o motivo  da Sony se movimentar  por passos curtos que são dados após observar seus adversário tal qual cobra velha que analisa a presa. A impressão transmitida por suas estratégias na E3 transpareceram um delay de assimilação do mercado, e tal qual a Microsoft relegou a outros planos seu público cativo. Não que não tenha-se visto uma carência de títulos “maduros” para seu PS3. Mas é que haja vista o que já se tinha de conhecimento, o que foi apresentado foi relativamente exíguo. Algo patente e que de certa forma foi institucionalizado nessa nova era de redes de jogatina foi a nova batalha que é  a do conteúdo digital exclusivo. A parceria entre Sony e EA responde satisfatoriamente qualquer dúvida a respeito disso. E vimos uma enxurrada de DLCs exclusivos e edições limitadas que se aportam a títulos como Dead Space 2, Assassin’s Creed: Brotherhood. Isso talvez fidelize muitos clientes, já que a PSN teve um saldo positivo de 50 milhões conectados a ela, da mesma forma que a tal liberdade de se navegar em uma rede livre de amarras financeiras aponta para a estratégia de conteúdo gerado pelo usuário estar sendo levada às últimas consequências com o lançamento de Little Big Planet 2.  Em um mundo virtual livre, nada mais providencial que um representante desse ideal. Um “sem número de possibilidades.” Uma rede que se propõe a apenas se plugar e navegar (mas claro, você quer se diferenciar dos demais? Para isso existe a PSN Plus…). E delírios de realidade falseada pela tecnologia.  É esse o mundo que a empresa de Kaz Hirai quer instituir na esfera digital. Estará ela pavimentando uma estrada nova, ou regurgitando velhos conceitos em uma nova embalagem?

Com esse pensamento, de súbito me veio uma questão deslocado do assunto aqui tratado. The Raven  – poema de Edgar Allan Poe – é o representante máximo da literatura norte-americana do século XIX. Sua tradução para qualquer outra língua é um desafio mastodôntico, devido o seu complexo fluxo poético rítmico/sonoro além  dos problemas que envolvem a preservação de qualquer construção narrativa em uma tarefa do gênero.
Sabem!? Pensando bem, acho que  Kaz Hirai está com algo das mesmas dimensões em suas mãos… se ele vai conseguir eu não sei, enquanto isso vou (deliciosamente) aproveitando os lampejos.

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